Cada Natal se trava uma batalha silenciosa no coração da nossa cultura: a que enfrenta a identidade cristã que nos deu forma perante uma sociedade que, passo a passo, pretende apagar os seus próprios alicerces. Não é um fenómeno novo, mas intensificou-se na última década, especialmente em escolas e espaços públicos onde se proíbe o presépio “para não ofender”. A isto soma-se a moda de presépios vazios ou ideologizados que, longe de anunciar o mistério da Encarnação, o manipulam para difundir agendas políticas ou mensagens contrárias à verdadeira mensagem do Natal. Em Bruxelas, por exemplo, um presépio com figuras sem rosto acabou envolto em polémica antes de que desaparecesse a figura do Menino Jesus. Nos Estados Unidos, alguns templos substituíram a Sagrada Família por mensagens de protesto político, convertendo o presépio num objeto de propaganda.
O presépio, muito mais do que uma tradição decorativa
Em 2017, a presidente do Conselho de Ministros de Itália explicava que abandonava a árvore de Natal para voltar ao presépio não por nostalgia, mas por convicção. Como pode ofender uma criança nascida num estábulo? Como pode resultar ofensiva uma família pobre que foge para o proteger? Como pode ofender uma cultura que se formou à luz dessa história? A simplicidade do presépio não encobre agressão alguma; pelo contrário, ilumina a dignidade da vida, a ternura de Deus e o fundamento moral da nossa civilização.
Valores que nascem de um presépio: a base de uma civilização
Meloni insistia em que mesmo os que não acreditam reconhecem nesse símbolo uma síntese dos valores que sustentam a nossa cultura. Do presépio aprendemos o respeito pela vida, a sacralidade do ser humano e o sentido da solidariedade. São valores que brotam do mistério de Deus feito Menino e que deram forma à história cristã da Europa. Quando o presépio se substitui por mensagens ideológicas, esses valores ficam desarraigados e transformam-se em simples palavras sem conteúdo. O presépio, pelo contrário, os encarna e os explica sem necessidade de discursos.
O convite de Meloni para “fazer o presépio” e viver uma “revolução do presépio” não é uma consigna política, é uma defesa da verdade e da beleza que a modernidade pretende ocultar.
