O futuro do presbiterado estadunidense

O futuro do presbiterado estadunidense

Por Stephen P. White

O Catholic Project da Universidade Católica da América (onde sirvo como diretor executivo) acaba de publicar os resultados de uma nova pesquisa importante sobre os sacerdotes americanos. O estudo se baseia em nossas pesquisas anteriores (aqui e aqui), oferecendo um panorama mais claro do presbiterado nos Estados Unidos tal como se encontra atualmente e sugerindo o que o futuro pode reservar para a Igreja no país.

Esta nova pesquisa proporcionou a oportunidade de dar seguimento ao Estudo Nacional de Sacerdotes Católicos de 2022, examinando o bem-estar de nossos sacerdotes, seus níveis de esgotamento, a confiança em seus bispos ou superiores religiosos, e outros fatores. Dado que cada participante neste estudo de 2025 também participou do estudo de 2022, podemos rastrear as mudanças de maneira longitudinal.

Nossos estudos anteriores mostraram que, em geral, nossos sacerdotes estavam florescendo. Felizmente, os novos dados confirmam que os sacerdotes americanos estão florescendo em níveis muito acima da média da população geral.

Este resultado não é controverso nem surpreendente, mas não deve ser ignorado. Os homens que ingressam no sacerdócio tendem a florescer. Nem tudo é vinho e rosas, é claro (mais sobre isso em um minuto). Mas, sejam quais forem as preocupações ou desafios, eles devem ser entendidos à luz deste pano de fundo: em conjunto, os sacerdotes americanos estão prosperando.

Dito isso, há pontos de verdadeira preocupação. Muitos sacerdotes (44 % dos diocesanos, 31 % dos religiosos) mostram sinais de esgotamento. E o 45 % dos sacerdotes mais jovens (ordenados desde o ano 2000) dizem que lhes é pedido para fazer muitas coisas que vão além de seu chamado como sacerdotes. O mesmo percentual desse grupo mostra indicadores elevados de solidão. Os grupos mais velhos de sacerdotes estão se saindo significativamente melhor em ambas as medidas.

A confiança dos sacerdotes diocesanos na liderança de seus bispos continua baixa (52 %), mas aumentou ligeiramente (desde 49 % em 2022). A confiança nos bispos americanos em geral mostra uma tendência similar, subindo de 22 % em 2022 para 27 % em 2025.

Nosso estudo anterior mostrou que o alinhamento percebido de um sacerdote com seu bispo em assuntos políticos e teológicos se correlacionava com o grau de confiança em sua liderança. Mas o novo relatório revela algo ainda mais decisivo:

O maior fator que prediz a confiança de um sacerdote em seu bispo é se ele sente que seu bispo se importa com ele.
O 72 % dos sacerdotes diocesanos que disseram que seus bispos se importam com eles confiam em seu bispo, enquanto que entre aqueles que não sentem isso, apenas 10 % confia nele.

Esta descoberta, embora previsível, sublinha a natureza profundamente pessoal das relações entre bispos e sacerdotes.

Um segundo objetivo amplo deste estudo foi obter uma ideia mais clara das prioridades pastorais reais dos sacerdotes americanos. Quais eles consideram os maiores desafios pastorais que a Igreja enfrenta no país?

Isso incluiu a oportunidade de aprofundar o que os sacerdotes pensam sobre o Sínodo sobre a Sinodalidade, em que medida suas paróquias participaram e como mudou, se mudou, seu ministério.

Os sacerdotes americanos não estavam muito entusiasmados com o Sínodo sobre a Sinodalidade. Apenas 39 % pensou que não foi uma perda de tempo (37 % concordou que sim foi); apenas 28 % sentiu que foi plenamente incluído no Sínodo, e apenas 25 % acreditou que foi útil para seu ministério. Então isso.

No entanto, quando se trata da sinodalidade na prática, os sacerdotes americanos já estão comprometidos com muitas das “práticas sinodais” recomendadas pelo Sínodo, embora não as identifiquem com esse nome.

Por exemplo:

  • 85 % dos sacerdotes com encargos paroquiais relataram que sua paróquia tem um conselho pastoral ou similar que desempenha um papel importante na tomada de decisões.

  • 75 % disse que sempre envolve os fiéis na oração e reflexão antes de tomar decisões importantes.

  • 69 % oferece formação ou apoio aos leigos para que participem da missão da Igreja além da paróquia.

  • 65 % relatou ter mudado uma prática paroquial ou decisão com base na contribuição dos leigos no último ano.

Quanto às principais prioridades pastorais, as três mais indicadas pelo 94 % dos sacerdotes foram:

  • Ministério juvenil e de jovens adultos

  • Formação familiar e preparação para o casamento

  • Evangelização

A essas se seguiram de perto: pobreza/pessoas sem-teto/insegurança alimentar (88 %), temas pró-vida (87 %) e assistência a imigrantes/refugiados (81 %).

A mudança climática, a sinodalidade e os ministerios LGBTQ receberam classificações comparativamente baixas: 54 %, 50 % e 48 %, respectivamente. Apenas 26 % dos sacerdotes disse que o acesso à Missa tradicional em latim (TLM) deveria ser uma prioridade (59 % disse que não).

Essas prioridades variaram significativamente entre sacerdotes mais velhos e jovens.


Menos da metade dos sacerdotes ordenados desde 2000 considera que o racismo, os temas LGBTQ, a mudança climática ou a sinodalidade são prioridades pastorais. Os sacerdotes ordenados antes de 1980 são mais propensos a ver cada um desses temas como uma prioridade mais alta que a devoção eucarística.

Não convém exagerar a importância dessas diferenças, nem descartar os sacerdotes por sua idade ou contexto geracional. Mas as implicações a longo prazo desses dados são significativas, especialmente se se considerar que menos de um quarto foi ordenado antes de 1980, enquanto os ordenados desde 2000 constituem 42 %. E esse número continua crescendo.

O presbiterado americano está unido em seu apoio à família, aos jovens e à evangelização. Compartilha um compromisso amplo com os pobres e os migrantes, e um firme desejo de defender a vida desde seu início até seu fim natural. Nada disso parece que vá mudar. Ao mesmo tempo, parece provável que cresça o compromisso com a devoção eucarística e com uma liturgia mais tradicional (embora não necessariamente tradicionalista).

Por minha parte, encontro isso muito encorajador.

Sobre o autor

Stephen P. White é diretor executivo do Catholic Project na Universidade Católica da América e membro em estudos católicos no Ethics and Public Policy Center.

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